Descomplicando o coop: quais são os ramos do cooperativismo no Brasil?*

As cooperativas estão presentes de muitas formas na vida das pessoas, oferecendo renda digna, oportunidades de trabalho e produtos com condições diferenciadas. Devido à forma como o modelo de negócio funciona, baseada do trabalho coletivo e visando ao benefício comum, as cooperativas atuam em diversos setores da economia, exercendo atividades para públicos com necessidades variadas.

Elas são responsáveis por produzir e comercializar alimentos, disponibilizam serviços financeiros, transportam pessoas e cargas, realizam atendimentos médicos, oferecem educação de qualidade para as novas gerações, facilitam a compra de bens de consumo, democratizam o acesso à energia e à habitação, entre outras atividades.

No Brasil, as cooperativas estão agrupadas em sete ramos: Agropecuário; Consumo; Crédito; Infraestrutura; Trabalho, Produção de Bens e Serviços; e Transporte. A divisão foi implementada em 2020 pelo Sistema OCB, a organização que atua em prol das cooperativas brasileiras, substituindo os 13 ramos que existiam até 2019. A mudança veio para simplificar e facilitar o trabalho de representação do movimento cooperativista no país.

De acordo com o Anuário do Cooperativismo Brasileiro 2024, 4.509 cooperativas atuam em todo o território nacional. Elas possuem finalidades distintas e promovem o desenvolvimento econômico e social das regiões em que atuam, seja no campo ou nas cidades. Por isso, é bem provável que exista pelo menos uma cooperativa na sua cidade, mesmo que você ainda não saiba disso.

Quer ter uma ideia do quanto as cooperativas são relevantes para a economia e a população brasileiras? Preparamos uma lista que explica como funciona cada um dos sete ramos do cooperativismo e quais atividades elas abarcam. Acompanhe a seguir!

1. Ramo Agropecuário

Esse é um dos mais tradicionais ramos do cooperativismo no Brasil e é o que reúne o maior número de cooperativas no país. O censo mais recente do Sistema OCB contabilizou 1.179 delas. Fazem parte do Ramo Agropecuário as cooperativas que prestam serviços relacionados às atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira.

Essas cooperativas têm como finalidade principal atender às demandas de produtores rurais, pecuaristas e pescadores. As cooperativas auxiliam seus cooperados ao receber, comprar, comercializar, armazenar e industrializar a produção que eles entregam. Elas também oferecerem assistência técnica, equipamentos e tecnologia que a estimulam a profissionalização do trabalho dos cooperados.

Saiba mais sobre o Ramo Agropecuário.

2. Ramo Consumo

A primeira cooperativa moderna do mundo, criada em 1844 na Inglaterra, era formada por tecelões que compravam itens básicos em maior quantidade para que pudessem adquiri-los a preços mais vantajosos durante um período de crise econômica. Eles se uniram para criar um armazém com bens que precisavam consumir, e essa ainda é a finalidade das cooperativas do Ramo Consumo.

Hoje, a compra ou contratação em comum de produtos e serviços no cooperativismo abrange diversos segmentos do mercado. Os cooperados podem se unir para consumir itens materiais, como de farmácias e supermercados, até bens intangíveis, como serviços turísticos ou educacionais (nesse último caso, quando as cooperativas são formadas por pais de alunos).

Saiba mais sobre o Ramo Consumo.

3. Ramo Crédito

As cooperativas desse ramo são conhecidas por democratizarem o acesso a serviços financeiros e por oferecerem condições especiais aos seus cooperados. Elas ainda se destacam pelo impacto social positivo que causam nas comunidades onde estão presentes.

Nas cooperativas de crédito, o lucro não é um propósito, e sim um meio de manter a viabilidade do negócio e de atender às demandas dos clientes cooperados. Alguns dos serviços oferecidos por elas são a abertura de contas, empréstimos, financiamentos, seguros, investimentos, consórcios e aplicativos para pagamentos.

Vale lembrar que existem diferenças entre as cooperativas de crédito e os bancos, apesar de ambos oferecerem praticamente os mesmos serviços. Nas cooperativas, o cooperado participa dos resultados financeiros, é atendido de forma humanizada e tem direito a voto, seja de forma direta ou pelo sistema de delegados, onde um membro é eleito para representar outros cooperados.

Saiba mais sobre o Ramo Crédito.

4. Ramo Infraestrutura

Como o próprio nome já diz, as cooperativas desse ramo prestam serviços de infraestrutura, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida do seus cooperados. Elas atuam em segmentos como geração e distribuição de energia, telefonia, telecomunicações, irrigação, saneamento básico, infraestrutura rodoviária e ferroviária, construção civil e habitação.

As cooperativas de energia podem produzir de forma autônoma ou repassar a energia de concessionárias. Elas foram responsáveis por levar a eletricidade para cidades que ainda não eram abastecidas com essa fonte de energia. Hoje, essas coops se destacam por facilitarem o acesso a fontes renováveis, como a energia fotovoltaica.

Saiba mais sobre o Ramo Infraestrutura.

5. Ramo Saúde

As cooperativas de saúde têm como propósito prover ou adquirir serviços voltados à preservação, assistência e promoção da saúde humana, bem como reunir pessoas que queiram constituir um plano de saúde. Além de usuários desses serviços, elas reúnem profissionais da área da saúde, como médicos, dentistas, psicólogos e aqueles que se enquadram no Cnae 86, código que classifica “atividades de atenção à saúde humana”.

Em âmbito global, as cooperativas de saúde do Brasil são referência pela qualidade dos serviços que oferecem. Elas ainda se destacam por garantirem melhores condições de trabalho e remuneração para os seus profissionais cooperados. Os clientes também saem ganhando, pois podem desfrutar de serviços de saúde qualificados e mais acessíveis em comparação com empresas ou operadas de saúde convencionais.

Saiba mais sobre o Ramo Saúde.

6. Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços

Após a modernização dos ramos do cooperativismo, em 2020, esse ramo passou a incluir diversas cooperativas que produzem bens ou prestam serviços especializados a terceiros. Na área de produção de bens, estão contempladas atividades como artesanato e beneficiamento de material reciclável.

Já no escopo dos serviços especializados estão a mineração, o turismo e o lazer e a educação, contemplando professores. Há, ainda, as cooperativas especiais, cuja finalidade é inserir pessoas vulneráveis no mercado de trabalho, a exemplo das pessoas com deficiência. Em resumo, nesse ramo os cooperados são os empreendedores do negócio, responsáveis por produzir ou prestar serviços para a cooperativa ou para clientes desta.

Saiba mais sobre o Ramo Trabalho, Produção de Bens e Serviços.

7. Ramo Transporte

As cooperativas desse ramo realizam transporte de cargas e de pessoas. Os cooperados são os motoristas, que precisam deter a posse ou a propriedade dos veículos utilizados.  Estão inclusas nesse escopo as categorias de transporte individual (táxi e mototáxi), transporte coletivo (vans, micro-ônibus e ônibus), transporte de cargas ou motofrete e transporte escolar.

Ao se organizarem coletivamente, os cooperados desse ramo, em geral pequenos e médios transportadores, podem usufruir de melhores condições de trabalho e remunerações.  Assim como as cooperativas de crédito, de saúde e de trabalho, as que prestam serviços de transporte também precisam seguir regras de órgãos reguladores.

Saiba mais sobre o Ramo Transporte.

Conclusão

O cooperativismo é um modelo de negócio versátil e dinâmico, que se adapta bem a diferentes realidades, públicos e propósitos. Essas são características que garantem a perenidade das cooperativas e a viabilidade delas à medida que o mercado e as demandas dos consumidores se transformam.

No entanto, apesar da diversidade de negócios, as cooperativas possuem a mesma base de princípios em comum. Neste artigo citamos dois deles: o da gestão democrática e o da participação dos cooperados nos resultados econômicos. E não menos importante, o cooperativismo se preocupa em cuidar das pessoas, fomenta o desenvolvimento da economia local e produz de forma sustentável.

*Artigo desenvolvido e publicado pela equipe do Sistema OCB/ES

Richard Hollanda

Richard Hollanda

Analista de Comunicação e Tecnologia do Sistema OCB/RJ. Graduado em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida (UVA) e pós-graduado em Administração em Marketing e Comunicação Empresarial pela UVA.

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