História do Cooperativismo

Algumas das melhores ideias da humanidade surgiram em momentos difíceis. A internet, por exemplo, nasceu para evitar a perda de informações estratégicas, num tempo em que as pessoas viviam com medo de um ataque nuclear. Miguel de Cervantes escreveu seu livro mais famoso, Dom Quixote de La Mancha, na cadeia, enquanto aguardava sua tão sonhada liberdade. Assim também foi a história do cooperativismo. Nosso movimento foi a resposta de um grupo de trabalhadores — a maioria deles tecelões — ao aumento do desemprego e aos baixos salários pagos pelas empresas europeias, após o início da Revolução Industrial a fim de que houvessem condições melhores de vida.

Primeiros passos

A história do cooperativismo começou em 1844, na cidade de Rochdale-Manchester, no interior da Inglaterra. Sem conseguir comprar o básico para sobreviver nos mercadinhos da região, um grupo de 28 trabalhadores (27 homens e uma mulher) se uniram para montar seu próprio armazém. A proposta era simples, mas engenhosa: comprar alimentos em grande quantidade, para conseguir preços melhores. Tudo o que fosse adquirido seria dividido igualitariamente entre o grupo. Nascia, então, a “Sociedade dos Probos de Rochdale” — primeira cooperativa moderna, que abriu as portas pautada por valores e princípios morais considerados, até hoje, a base do cooperativismo. Entre eles a honestidade, a solidariedade, a equidade e a transparência.

A ideia dos 28 pioneiros prosperou. Quatro anos após sua criação, a cooperativa já contava com 140 membros. Doze anos depois, em 1856, chegou a 3.450 sócios com um capital social que pulou de 28 libras para 152 mil libras.

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1844

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1876

Começo no Brasil

No Brasil, a cultura da cooperação é observada desde a época da colonização portuguesa, estimulada por funcionários públicos, militares, profissionais liberais, operários e imigrantes europeus.

Oficialmente, a história do cooperativismo no Brasil teve início em 1876, no Rio de Janeiro, quando a  Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade, o Imperador o  D. Pedro II, atendeu ao que requereu a Companhia – Cooperativa de Consumo – devidamente representada, e de conformidade com o parecer da Secção dos Negócios do Império do Conselho de Estado, exarado em Consulta de 20 de Fevereiro do corrente ano, concedeu à cooperativa autorização para funcionar e aprovou seus estatutos.

Depois surgiram outras cooperativas em Minas e nos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul.

A mais antiga, ainda em atividade no Brasil

Em 1902, o padre suíço Theodor Amstad fundou a primeira cooperativa de crédito do Brasil: a Sicredi Pioneira, que continua até hoje em atividade. Com sede em Nova Petrópolis (RS), a cooperativa foi a solução encontrada por Amstad para melhorar as vidas dos moradores do município, que até então não contava com nenhum banco.

A partir de 1906, foi a vez de surgirem as cooperativas agropecuárias, idealizadas por produtores rurais e por imigrantes, especialmente de origem alemã e italiana. Esses “brasileiros de coração” trouxeram de seus países de origem a bagagem cultural, o trabalho associativo e a experiência de atividades familiares comunitárias, que os motivaram a se organizar em cooperativas.

Com a propagação da doutrina cooperativista, as cooperativas tiveram sua expansão num modelo autônomo, voltado para suprir as necessidades dos próprios membros, livrando-se da dependência dos especuladores.

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1902

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Primeiro Ciclo

Com a propagação da doutrina cooperativista, as cooperativas tiveram sua expansão num modelo autônomo, voltado para suprir as necessidades dos próprios membros, livrando-se da dependência dos especuladores.

Embora houvesse um movimento de difusão do cooperativismo, poucas eram as pessoas informadas sobre o assunto. Entretanto, faltava de tudo um pouco, desde material apropriado à criação de uma entidade de representação que congregasse e defendesse todas cooperativas.

Criação da OCB

Em 2 de dezembro de 1969 o cooperativismo ganhou sua própria entidade de representação. Naquele dia foi criada a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e no ano seguinte, a entidade foi registrada em cartório. Nascia formalmente aquela que é a única representante e defensora dos interesses do cooperativismo nacional. Sociedade civil e sem fins lucrativos, com neutralidade política e religiosa.

Dois anos depois, a Lei 5.764/71 disciplinou a criação de cooperativas com a instituição de um regime jurídico próprio, destacando o papel de representação da OCB, mas trazendo ainda alguns pontos que restringiam, em parte, a autonomia dos associados. Essa limitação foi superada pela Constituição de 1988, que proibiu a interferência do Estado nas associações, dando início efetivamente à autogestão do cooperativismo.

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1969

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1995

Reconhecimento Internacional

Em 1995, o cooperativismo brasileiro ganhou reconhecimento internacional. Roberto Rodrigues, ex-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, foi eleito o primeiro não europeu a presidir a Aliança Cooperativista Internacional (ACI). Este fato contribuiu também para o desenvolvimento das cooperativas brasileiras.

Reforço para a Educação Cooperativista

No ano de 1998 foi criado o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop). A mais nova instituição do Sistema “S” veio somar à OCB com o viés da educação cooperativista. O Sescoop é responsável pelo ensino, formação, profissional, organização e promoção social dos trabalhadores, associados e funcionários das cooperativas brasileiras.

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1998

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2005

Representação Sindical para as Cooperativas

Sete anos depois, em 2005, a formação do Sistema OCB se completa com a criação da entidade que iria responder pela representação sindical das cooperativas. Em atuação há 11 anos, a Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop) defende os interesses da categoria econômica, coordenando o Sistema Sindical Cooperativista. E nessa missão, ela conta também com federações e sindicatos de cooperativas.

O que vem por aí

O cooperativismo brasileiro entrou no século XXI com um importante desafio: ser reconhecido pela sociedade por sua integridade, competitividade e capacidade de gerar renda e oportunidade para as pessoas. E você, que nos lê agora, pode ajudar muito nesse quesito. Faça parte dessa corrente do bem, e ajude a divulgar o cooperativismo. O Brasil e a economia agradecem.

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