Cooperativismo: produção sustentável não é utopia

“O cooperativismo brasileiro é referência em sustentabilidade e um exemplo que deve ser reconhecido, valorizado e replicado”. Essa foi uma das afirmações de destaque feitas pela gerente-geral da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Fabíola Nader Motta, durante apresentação de painel sobre o tema Brasil Verde no estande Glasgow da COP 26 na manhã desta sexta-feira (12). Em sua fala, Fabíola ressaltou uma vez mais que o Brasil pode ser protagonista na construção de uma economia de baixo carbono e que, unindo esforços com outros países, é possível deter o avanço do aquecimento global.
Para mostrar a força do cooperativismo na produção sustentável, a gerente-geral utilizou como principal exemplo o caso da Cooperativa Agrícola Mista Camta, localizada em Tomé-Açu no Pará, e a história de Hajime Yamada, imigrante japonês hoje com 94 anos que chegou ao local em 1929. A história de vida de Yamada se confunde com a da cooperativa fundada em 1931 e que, desde meados da década de 1970, viu a região crescer e se desenvolver cada vez mais com a implantação do Sistema Agroflorestal de Tomé-Açú (Safta).
“O senhor Yamada aprendeu com os povos ribeirinhos, os nativos que vivem nas margens dos rios da Amazônia, que as árvores não sobrevivem sozinhas na floresta. Elas precisam uma das outras e de outros tipos de plantas e vegetais para crescerem e se fortalecerem. E esse aprendizado foi fundamental para o desenvolvimento desse sistema depois que os agricultores da região viram sua principal cultura, a pimenta do reino, ser completamente devastada por uma praga”, explicou Fabíola.
Com o Safta, atualmente, continuou ela, o açaí, o cacau, a mandioca e a pimenta do reino, entre outras culturas, convivem em harmonia, dividindo terreno umas com os outras e também com a floresta nativa. “São cinco mil hectares nos quais as plantas de uma cultura servem de adubo para o crescimento e fortalecimento das outras. O sistema agroflorestal mantém o solo úmido e fértil, respeita o clima e a biodiversidade local, não empobrece o solo e aumenta a produtividade”.
Entre os resultados alcançados pela Comta, Fabíola citou a recuperação total da área degradada com o tempo e a redução da emissão dos gases de efeito estufa em até cinco vezes quando comparada com outros sistemas da região. “A Camta transformou a região e gera impactos positivos para mais de 10 mil pessoas, além de seus 800 associados. Sua produção é exportada para vários países e, além disso, a cooperativa conta com uma agroindústria que produz polpas de frutas, geleias, sorvetes e óleos vegetais. O cacau, inclusive, recebeu o selo de produto das Olimpíadas em Tóquio 2020”.
Foto: Daniela Luquini / Mapa

Energia limpa

Outro exemplo de sucesso apresentado por Fabíola é o da energia limpa e renovável gerada por meio de pequenas centrais hidrelétricas, usinas fotovoltaicas e biomassa. “Já conseguimos produzir mais de 316 megawatts de energia renovável nas mais de 540 iniciativas de cooperativas distribuídas por todo o país”, destacou.
A gerente-geral também citou um projeto da unidade estadual da OCB em Minas Gerais, a Omceg, que inaugurou neste mês 30 usinas fotovoltaicas e pretende chegar a 100 em 2022 com o programa Minas Coop. “Um ponto importante a ressaltar é que parte dessa energia limpa é doada para entidades filantrópicas da região, atendendo, inclusive, um dos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) propostos pela ONU. Além disso, o projeto trabalha ao mesmo tempo três pilares: o econômico, o social e o ambiental”.
Fabíola destacou ainda a importância do Código Florestal Brasileiro, reconhecido como uma das legislações mais modernas e eficazes para a preservação ambiental da atualidade, o Plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) e a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais como iniciativas que precisam ser reconhecidas e incentivadas não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.
“Para que as metas propostas sejam atingidas é fundamental que tenhamos recursos financeiros, capacitação, equipamentos e assistência técnica. O Brasil ainda tem muito a avançar, mas não podemos deixar de reconhecer as iniciativas de sucesso já implantadas pelo governo e essas três são exemplos extremamente positivos e para os quais o cooperativismo contribui efetivamente”, concluiu.
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, destacou a força do cooperativismo na busca de soluções coletivas e que trabalham a união de forças para fazer a diferença. “É o que o Brasil e outros países estão fazendo aqui na COP 26. Nosso país é uma potência capaz de transmitir tecnologias importantes e o cooperativismo é um deles. Levar esse conceito e exemplos do que o cooperativismo vem desenvolvendo para outros países, com certeza, tornará o mundo mais forte e unido”.
Para conferir a apresentação completa da OCB na COP 26, acesse o link: https://youtu.be/owVhXaBERmY?t=298.
E, para saber mais sobre os projetos de sustentabilidade das cooperativas com resultados sólidos e positivos, bem como o posicionamento do setor sobre a importância da preservação ambiental, acesse o site da OCB dedicado ao tema em www.cooperacaoambiental.coop.br.
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Bruno Oliveira

Coordenador de Comunicação e de Tecnologia da Informação do Sistema OCB/RJ.