Adoção da Inteligência Artificial amplia eficiência interna das cooperativas

A inteligência artificial tem entrado com tudo no RH das cooperativas, em seus treinamentos, processos seletivos e até demissões de colaboradores. Ela é um conjunto de novas tecnologias, que tem o objetivo de estudar e desenvolver dispositivos, simulando o pensamento humano, como perceber padrões, tomar decisões e solucionar problemas.

A integração dessa ferramenta ao setor não é mais uma questão de tempo, mas de prazo. Pois as organizações que a adotarem terão uma vantagem significativa, tanto em termos de eficiência quanto na capacidade de se adaptarem às mudanças do mercado.

Essa tecnologia pode reforçar o espírito cooperativista, promovendo um ambiente de trabalho mais colaborativo, inovador e focado no desenvolvimento contínuo dos seus membros. Porém é necessário que a implementação seja feita de maneira consciente, ética e com foco no desenvolvimento humano.

A ferramenta tem impactado o mercado de trabalho em todos os seus aspectos, afetando sobretudo a área de Recursos Humanos, pois envolve a confecção de várias tarefas, como os recrutamentos, gestões de conhecimentos e as avaliações dos desempenhos.

Isso sem contar, na facilidade da geração de dados, capacidade de transformar material bruto em relatórios, análise dos perfis dos colaboradores e ainda o acesso aos índices de performance.

Ângela Beatriz Briganó, Gerente de Recursos Humanos da Sisprime do Brasil. Foto: Divulgação MundoCoop

O uso da IA fornece à área uma atuação mais estratégica, baseada em informações claras, assertivas, otimiza os processos internos, diminui custos e ainda melhora a produtividade.

“As cooperativas podem tomar decisões mais assertivas e alinhadas com as suas metas estratégicas. Além de colaborar com a criação de um ambiente de aprendizado constante, essencial para a evolução e inovação dentro da organização”, completa Ângela Beatriz Briganó, Gerente de Recursos Humanos da Sisprime do Brasil.

Dos Chatbots aos softwares

Uma das maneiras de aplicar o IA tem sido por meio de programas e softwares direcionados a cada etapa dos processos.

Um deles é o de contratação, que busca padrões no comportamento dos colaboradores e os cruzam, facilitando as análises seletivas, recolocações, ocupando vagas de empregos e levantando a necessidade de treinamentos.

Os chatbots têm sido usados para as realizações de entrevistas, feedbacks aos funcionários e os esclarecimentos de dúvidas durante a triagem dos candidatos.

Outras situações em que a tecnologia tem sido usada são com os onboarding e na integração dos novos contratados. Além dos treinamentos iniciais realizados por meio de plataformas de aprendizagem automatizadas.

Os algoritmos de IA também podem ser usados nas avaliações dos desempenhos dos funcionários, identificando lacunas de habilidades e planos de desenvolvimento personalizados.

Como o departamento reúne um número grande de informações, a ferramenta consegue codificar, cruzar, selecionar e analisar todo o material.

Camila Cinquetti, sócia de workforce na PwC Brasil, explica que é essencial promover a educação e a conscientização sobre os benefícios dessa tecnologia demonstrando como pode otimizar processos.

“Ter uma abordagem proativa sobre o tema é essencial para o avanço do mesmo, como por exemplo investir em pequenos projetos piloto, formar parcerias estratégicas, identificar oportunidades específicas para aumentar a eficiência e a produtividade e criar uma cultura de inovação e colaboração dentro das organizações”, lembra.

É importante manter uma comunicação clara sobre as mudanças e os benefícios da tecnologia, a fim de assegurar que os colaboradores entendam qual é a sua contribuição para as suas funções.

Embora, a IA ofereça vantagens, por outro lado pode representar insegurança aos cooperados e associados, por se tratar de uma modalidade nova. Nesse caso, os especialistas indicam que as organizações sigam as boas práticas, como obedecer às diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, pedir o consentimento do trabalhador ao usar os seus dados, criar uma cultura de feedback e nunca se esquecer do fator humano.

Cinquetti lembra, que durante a aplicação é necessário elaborar algumas estratégias como a atualização dos líderes sobre as tendências da IA, por meio de treinamentos e eventos, a articulação do tema com a equipe e o fortalecimento na identificação das oportunidades.

“Para fomentar a adoção, é preciso reconhecimento e recompensa para aqueles que se destacam em sua aplicação. Além disso, uma comunicação transparente sobre as expectativas e benefícios é essencial para que todos compreendam como suas funções estão evoluindo e minimizem preocupações de empregabilidade”, complementa a sócia de workforce na PwC Brasil.

Educação e IA estratégico

Cada vez mais organizações têm adotado programas que envolvam o uso de ferramentas, que ajudem a automatizar as tarefas gerais do setor, envolvendo desde as fases de contratações, até a organização de documentações.

De acordo com os dados levantados por um estudo da TIC Empresas, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, 22% das empresas pequenas e 37% das grandes já adoram a IA em seu RH e gestão. No Panorama de Gestão de Pessoas da Sólides, 87,9% dos profissionais do RH disseram considerar as ferramentas de Inteligência Artificial parceiras em seus trabalhos.

Uma pesquisa realizada pelo Capterra, que entrevistou mais de 1000 trabalhadores de PMEs, constatou que uma das grandes expectativas da aplicação dessa tecnologia na área é melhorar a produtividade, e o que pode ser feito para alcançar esse objetivo. De acordo com o estudo, 40% dos funcionários indicaram que a empresa onde trabalham usam IA no setor do RH.

Eles indicam como as principais ferramentas utilizadas, os sistemas de recursos humanos e os softwares de análises de RH para facilitar, entre outras coisas, a compreensão dos dados. Por outro lado, menos da metade, 43% dos participantes contaram terem recebido treinamentos para o uso da IA e 70% se preocupam com o uso da tecnologia no setor e levaram as suas dúvidas às lideranças.

Além dos usos nas organizações de documentos, análises comportamentais e de perfis, ela tem sido usada também na hora de demitir funcionários, segundo 20% das empresas entrevistadas. Por outro lado, 55% dos entrevistados disseram estarem confortáveis com esse uso, por considerarem que ela executa decisões mais precisas, em especial quando o assunto são os treinamentos.

Camila explica que a adoção da IA no RH é essencial para o futuro do trabalho, apresentando tanto desafios quanto oportunidades. “Para prosperar, é vital que trabalhadores e empresas invistam em educação e foquem no que essa tecnologia pode gerar de valor para o negócio. A era da IA apresenta uma curva de produtividade mais rápida na adoção do que as tecnologias anteriores. Usá-la com viés estratégico é o caminho para que seja investida no que importa”, lembra a especialista.

Cooperativas melhoram a produtividade

As cooperativas que não investirem na capacitação em inteligência artificial podem perder competitividade. Entre outros fatores, porque essa tecnologia oferece vantagens para as organizações, tanto em faturamento quanto em resultados.

Em termos de pessoas, o ganho mais marcante inicialmente é no aumento da eficiência do tempo de trabalho, além da expectativa de criação de novas oportunidades de trabalho. “Os empregos que exigem competência especializada em IA tem crescido desde 2016 e demonstram maior benefício salarial. Muitos acreditam que a tecnologia criará oportunidades de emprego, especialmente em áreas que demandam especializadas”, diz Camila.

Na Sisprime Brasil, a implantação de inteligência artificial se destaca nos treinamentos, com o foco na colaboração e no desenvolvimento mútuo. Briganó, conta que as vantagens dessa tecnologia para os colaboradores incluem, desde o aprendizado personalizado, já que ela pode adaptar o conteúdo do treinamento de acordo com o ritmo e as preferências de cada colaborador.

Também oferece o acesso a dados e insights em tempo real, possibilitando aos funcionários terem acesso às informações atualizadas e relevantes, auxiliando na tomada de decisões estratégicas. Ela oferece facilidade na automação de tarefas repetitivas, auxiliando os trabalhadores a se concentrarem em atividades mais criativas e de maior valor.

Porém existem desafios que precisam ser enfrentados, entre eles inserir os líderes dentro do processo. Para isso é fundamental investir na educação dos gestores, demonstrando as suas vantagens e aplicações práticas no dia a dia da cooperativa. Isso pode ser feito por meio de workshops, treinamentos e parcerias com instituições especializadas.

Algumas propostas iniciais podem ajudar, como os projetos piloto que permitam testar a IA em pequenas escalas antes de sua implementação total para identificar potenciais desafios e oportunidades de melhoria. Outras iniciativas interessantes são realizar treinamentos que expliquem o que é a IA, suas aplicações e impactos no trabalho diário, incentivar as experimentações e o aprendizado contínuo.

“A implementação da IA deve ser acompanhada de rigorosas políticas de proteção de dados e diretrizes éticas, garantindo que os colaboradores se sintam seguros e respeitados em sua privacidade”, aconselha Ângela.

Fonte: MundoCoop

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Richard Hollanda

Analista de Comunicação e Tecnologia do Sistema OCB/RJ. Graduado em Jornalismo pela Universidade Veiga de Almeida (UVA) e pós-graduado em Administração em Marketing e Comunicação Empresarial pela UVA.