Mitos e verdades sobre o cooperativismo

O cooperativismo tem ganhado cada vez mais destaque no cenário econômico global. A ONU declarou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas, reconhecendo a sua importância para a construção de um futuro mais justo e sustentável. Apesar disso, o cooperativismo ainda é alvo de alguns equívocos e ideias preconcebidas.

Neste artigo, vamos desmistificar 8 mitos comuns sobre esse modelo de negócios. Veremos como as cooperativas se destacam em diversos setores, impulsionando a economia, gerando empregos e promovendo o desenvolvimento social. Sem fake news! Veja porque algumas percepções sobre o coop estão erradas!

Desvendando 8 mitos sobre o cooperativismo

O cooperativismo é diferente de outros modelos de negócio tradicionais, mas isso não significa que ele não seja competitivo, inovador e sólido. Pelo contrário! As cooperativas têm um grande papel no desenvolvimento econômico do país e das comunidades. Além disso, o cooperativismo promove uma sociedade mais justa e igualitária. Vamos, então, desvendar alguns mitos sobre nosso modelo de negócio?

Mito 1: Cooperativas não são competitivas

Se engana quem pensa que as cooperativas não são competitivas nem relevantes no mercado. O Anuário do Cooperativismo Brasileiro revela que, em 2023, as 4.509 coops brasileiras somaram cerca de R$ 1,16 trilhões em ativos e R$ 94 bilhões em capital social.

As cooperativas também marcam uma grande presença na exportação. De acordo com o Anuário, as organizações exportaram, mais de US$ 8 bilhões em 2023. Isso significa que o cooperativismo foi responsável pela venda de 2,5% de tudo o que foi comercializado pelo Brasil.

Mito 2: Cooperativas são apenas para pequenos negócios

O cooperativismo é, sim, um ótimo modelo para pequenos negócios! Mas ele não se restringe apenas a isso – e as cooperativas brasileiras de grande porte não nos deixam mentir. Há grandes cooperativas que são gigantes em seus segmentos, do agronegócio ao setor financeiro; da saúde complementar ao varejo.

levantamento Forbes Agro 100, que reúne as 100 maiores organizações do setor agropecuário brasileiro, conta com a presença de 18 cooperativas. A Copersucar, que está em 9º lugar, representa o país no TOP 10, mas as outras não ficam muito para trás. Outros nomes como C.Vale, Lar Cooperativa Agroindustrial e Aurora Coop ocupam posições no top 20.

Os ramos de saúde e crédito também contam com gigantes. A Unimed é considerada a maior assistência médica do país, com cerca de 341 cooperativas espalhadas pelo Brasil. Já os bancos cooperativos que ganham destaque no cenário nacional são o Sicredi e o Sicoob. Ambos contam com mais de 7 milhões de associados.

Mito 3: Cooperativas de crédito e bancos são a mesma coisa

Bancos privados são organizações que pertencem a um pequeno grupo de indivíduos que têm controle sobre todas as decisões e focam em gerar lucro. As cooperativas de crédito, por sua vez, possuem uma estrutura organizacional completamente diferente.

O princípio da gestão democrática garante que todos os cooperados sejam donos da organização, tenham direitos iguais e opinem nas estratégias e iniciativas apresentadas durante as assembleias. Além disso, as cooperativas de crédito não visam o lucro, e sim o desenvolvimento dos associados e da comunidade onde estão inseridas.

Por esse motivo, as cooperativas cumprem uma função importante de bancarização no país, sobretudo no interior. Enquanto os bancos tradicionais fecham agências, as cooperativas abrem postos de atendimento.  Em 368 municípios elas são, inclusive, a única instituição financeira disponível, revela um estudo do Sistema OCB com a Fundação Instituto de Pesquisa (Fipe).

Mito 4. Cooperativas são entidades filantrópicas

Como vimos, cooperativas não almejam lucro e, portanto, são entidades filantrópicas, certo? Errado! As cooperativas desenvolvem atividades econômicas, visando gerar renda e trabalho para seus membros. Tanto é que no lugar do lucro, as cooperativas têm sobras.

Os conceitos até são parecidos, mas não são a mesma coisa. Em organizações tradicionais, chamamos o excedente financeiro, após o pagamento de todas as despesas, de lucro. No cooperativismo, o saldo positivo é chamado de sobras, já que o propósito é o desenvolvimento econômico e social dos cooperados e da cooperativa.

Portanto, para que possam ser sustentáveis, competitivas e agentes de transformação, as cooperativas precisam buscar bons resultados financeiros, só que com o diferencial de fazer isso pensando na comunidade.

Mito 5: Cooperativas são pouco inovadoras

O quinto princípio do cooperativismo fica responsável por desvendar esse mito. Mais do que oferecer produtos e serviços úteis para a população, as cooperativas sempre buscam melhorá-los.

Algumas organizações, como a Cooperativa Santa Clara, contam com comitês e equipes de inovação focados em buscar, estudar, desenvolver e implementar projetos inovadores. O objetivo das cooperativas é sempre oferecer os melhores e mais sustentáveis serviços aos cooperados, enquanto mantêm a competitividade.

As propostas de inovação são diversas, cada uma resolvendo dores dos clientes, cooperados e da própria cooperativa. E você pode conferir centenas de cases de inovação de todos os ramos do cooperativismo no InovaCoop!

Mito 6: O modelo cooperativista é frágil no longo prazo

Qualquer novidade gera insegurança e medo do fracasso, mas você, nem as cooperativas, precisam se preocupar com isso. Mesmo com princípios diferentes das instituições tradicionais, o cooperativismo é um modelo de negócios de sucesso.

Por estarem sempre atentas a mudanças e inovações, as cooperativas mantêm a competitividade e seu espaço no mercado. Prova da perenidade das coops é a Sicredi Pioneira, a primeira cooperativa de crédito do Brasil. Criada em 1902, a organização segue impactando a região onde atua e promovendo uma sociedade mais justa.

E não é só a cooperativa de crédito que mantém a perenidade. Segundo o AnuárioCoop 2024, mais da metade das cooperativas brasileiras existentes têm mais de 20 anos de atuação.

Mito 7: O cooperativismo só funciona em poucos setores

Quando pensamos em cooperativas espalhadas pelo Brasil, as primeiras que vêm à mente são organizações agropecuárias, como a Coamo e a Aurora, e de crédito, como o Sicredi e o Sicoob, além da Unimed, líder global em saúde.

No entanto, isso não significa que não existem coops de outros setores da economia que também fazem sucesso. Dentro do sistema cooperativista existem sete ramos, são eles:

  1. Agropecuário
  2. Crédito
  3. Transporte
  4. Trabalho, Produção de Bens e Serviços
  5. Saúde
  6. Consumo
  7. Infraestrutura

E a diversidade não para por aí. Em cada um dos setores, há inúmeras cooperativas que possuem focos e públicos diferentes. No ramo de transporte, por exemplo, as organizações podem prestar serviços de transporte individual, coletivo, escolar e de carga.

As cooperativas de trabalho também são bastante diversas. A UniJazz Brasil, por exemplo, é uma cooperativa de músicos que promove arte e educação. Tem cooperativa de TI, de educação, de catadores de material reciclado – e muito mais.

Cada cooperativa, ainda que do mesmo ramo, resolve dores específicas da comunidade e dos cooperados. Por conta disso, cada uma tem suas particularidades e seus pontos de ação.

Mito 8: As cooperativas não têm um movimento organizado

Grande mito! As cooperativas podem contar com o Sistema OCB. Para dar conta de auxiliar e alavancar as cooperativas, o Sistema OCB é composto por três entidades: a Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop), a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop).

  • Confederação Nacional das Cooperativas (CNCoop): representa e defende os interesses das cooperativas em âmbito nacional. É a entidade máxima da OCB.
  • Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB): responsável por defender o interesse das cooperativas, oferecer ajuda e suporte às coops, e promover melhorias e inovações em todos os ramos do setor.
  • Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop): responsável por capacitar todos os cooperados por meio de cursos de formação profissional ou treinamentos.

Conclusão: não caia nos mitos do cooperativismo!

O cooperativismo tem se mostrado um modelo de negócio promissor e relevante para a economia brasileira e global. Presentes em diversos setores da economia, as cooperativas geram empregos e promovem a melhoria da qualidade de vida dos cooperados e da comunidade.

Fica claro, portanto, que o cooperativismo é um modelo que luta por uma sociedade mais justa e igualitária, e, por conta disso, deve ser reconhecido e valorizado. E é isso que nós do SomosCoop queremos fazer!

Fonte: SomosCoop

Foto de Julia Cruz

Julia Cruz