Sistema OCB/RJ inicia atividades para elaboração do Pacto Cooperativo

“Estou no cooperativismo há 20 anos e é a primeira vez que teremos um evento dessa magnitude no Rio de Janeiro”, afirmou Francisco Leda, presidente da LoogiRio, após a reunião de apresentação do Congresso Estadual Pacto Cooperativo Rio+Coop. 

A proposta foi oficialmente apresentada às cooperativas fluminenses na última terça-feira (13), durante encontro realizado na sede do Sistema OCB/RJ. O evento será realizado em Búzios, entre os dias 13 e 16 de novembro, marcando a primeira vez em que dirigentes de cooperativas do estado estarão reunidos em um congresso voltado ao desenvolvimento integrado do cooperativismo fluminense. 

O principal objetivo do encontro será a realização do Congresso Quadrianual das cooperativas filiadas ao Sistema OCB/RJ, estruturando o Pacto Cooperativo Rio+Coop como uma estratégia de construção de um ecossistema intercooperativo. A proposta inclui a definição de métricas para acompanhar o avanço dos projetos e a formalização do compromisso coletivo entre as cooperativas participantes. 

Segundo o presidente do Sistema OCB/RJ, Vinicius Mesquita, o Pacto representará “o começo de uma caminhada para mudar a realidade do cooperativismo no Rio de Janeiro”. O Congresso se inspirará na experiência do grupo de Cooperativas Mondragón, da Espanha, uma das maiores e mais bem-sucedidas referências em economia cooperativa no mundo. “No Pacto, vamos nos conhecer melhor e utilizar o cooperativismo como instrumento de transformação social, criando um ambiente favorável para fortalecer as relações e avançar estrategicamente”, complementa Mesquita. 

A preparação para o Pacto já começou. A reunião de apresentação contou com a presença da equipe técnica de coordenação das ações, que será responsável por conduzir o evento. O primeiro passo será a mobilização e consulta aos dirigentes das cooperativas, fortalecendo a construção coletiva da proposta. 

Naiade Almeida, diretora financeira da Federação Nacional das Cooperativas de Crédito Urbano (Fenacred) e integrante da equipe técnica, destacou a importância prática do encontro: “Muito se fala sobre intercooperação, mas pouco se faz. O Pacto é a chance de colocar isso em prática”. 

Edilson Cid, presidente da Alimentar e representante do Ramo Consumo, também avaliou positivamente a iniciativa: “A interação entre as cooperativas vem sendo construída a cada dia, e estamos no momento de pensar no todo. Onde queremos que o cooperativismo fluminense chegue?” 

Como criar o Pacto Cooperativo 

O evento de apresentação do Congresso foi pautado em duas grandes reflexões: 

  1. Por que criar o Pacto Cooperativo? 
  2. Como estruturar um Pacto baseado nos fundamentos e princípios do Grupo Mondragón? 

Para responder o primeiro questionamento, Abdul Nasser, superintendente do Sistema OCB/RJ, acredita que a resposta está na contradição “Não faz sentido o Rio de Janeiro ser o terceiro estado mais desigual do Brasil e não responder com o cooperativismo. E, para darmos essa resposta, é preciso saber como o Sistema OCB/RJ deve atuar nos próximos anos e entender nossos problemas para nos ajudar nas dificuldades”. 

A segunda questão será respondida com uma série de ações práticas. Em setembro, 25 presidentes de cooperativas, junto à diretoria do Sistema OCB/RJ, irão participar de uma Missão Internacional ao grupo Mondragón, na Espanha. A delegação será previamente preparada com quatro aulas on-line, somando 12 horas de formação, para garantir que a visita seja objetiva e estratégica. 

Sérgio Cordioli, instrutor especializado em processos participativos e orientador do Pacto Cooperativo, explicou que o Congresso será em 5 questões-chave, cada uma com seu foco: 

1. Integração do sistema de pesquisa, tecnologia e inovação.  

Foco: alinhar, integrar e fortalecer um sistema de pesquisa, tecnologia, informação e inovação que fundamente e direcione o crescimento conjunto do cooperativismo e das cooperativas fluminenses. 

2. Construção de alianças comerciais. 

Foco: fomentar e articular projetos e ações de intercooperação com vistas a maior competitividade das cooperativas fluminenses. 

3. Integração do sistema de Finanças e Recursos. 

Foco: aproveitar oportunidades de integração e estruturação de arranjos comerciais para cooperativas fluminenses tendo por base novos modelos integrados de finanças e de recursos. 

4. Organização do sistema de educação, gestão, comunicação e difusão do conhecimento. 

Foco: assegurar que as cooperativas fluminenses possam contar com estrutura de excelência da educação, gestão e difusão de conhecimentos. 

5. Estruturação da Governança do Pacto Intercooperativo, incluindo compliance e gestão de crise. 

Foco: explorar as oportunidades de integração e estruturação de um modelo inovador de governança que possa dar suporte ao Pacto Intercooperativo. 

Ao final da reunião, Caroline Araújo, gerente da Norte Saúde, avaliou o Pacto como uma oportunidade única de troca entre os diversos ramos do cooperativismo fluminense. “Acho que vai ser um Congresso muito produtivo. Já deu para perceber que as pessoas saíram daqui com a cabeça borbulhando de ideias para contribuir”, concluiu. 

Foto de Julia Cruz

Julia Cruz