O Sistema OCB deu um giro internacional para mostrar as experiências impactantes de cooperativas em diversos países do mundo durante a pandemia. Na primeira live internacional do Sistema, representantes do cooperativismo na Itália, China e no Continente Africano contaram um pouco sobre as experiências bem-sucedidas de diversas cooperativas nestes lugares e que estão fazendo toda a diferença no momento atual. E o representante do Brasil no Conselho de Administração da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), Onofre Cezário Filho, que também é presidente do Sistema OCB/MT, foi quem fez a fala de abertura e deu início aos debates. A conversa contou com a medição do analista de Relações Institucionais do Sistema OCB João Marcos Martins.
No Continente Africano – A diretora regional da Aliança Cooperativa Internacional (ACI) África, Chiyoge B. Sifa, apresentou as ações de cooperativas em diversos países africanos, como Uganda, Quênia, Etiópia, Tunísia, Togo, Gâmbia, África do Sul, Marrocos, Botsuana e Nigéria. Em cada um deles, o cooperativismo tem atuado para minimizar os impactos da Covid-19. São muitas ações, algumas focadas nas próprias cooperativas e em seus cooperados – com planos de recuperação financeira, por exemplo. Outras acontecem por meio de mobilizações em conjunto com outros organismos dos setores público e privado, para dar suporte às comunidades mais vulneráveis.
Um dos pontos destacados por Sifa foi a insegurança alimentar na cadeia de suprimentos gerada pela Covid-19 e intensificada por catástrofes naturais ocorridas nesses países. Além da fragilidade econômica preocupante e urgência em controlar a crise sanitária, a questão da segurança alimentar se apresentou como prioritária, afinal era necessário garantir que essas cadeias mantivessem sua subsistência.
Para isso, o movimento cooperativista africano tem trabalhado em parceria com os governos dos países mais afetados pela pandemia e fomentado uma rede de apoio baseado nos princípios da cooperação. Além das ações implementadas por meio de políticas públicas, também existem iniciativas próprias, de cada uma das cooperativas, para ajudar a minimizar os impactos. O Banco Cooperativo do Quênia, por exemplo, doou 1 milhão de dólares para combater a pandemia no país e adquirir equipamentos médicos.
Na China – Indo para Ásia, o diretor geral do Departamento de Cooperação Internacional Chinês (ACFSMC), Zhang Wangshu, mostrou os principais caminhos seguidos pelo cooperativismo na China, onde surgiu a Covid-19 e o primeiro país a sentir os efeitos sanitários e econômicos da pandemia.
Wangshu destacou o trabalho focado no cooperativismo agropecuário, especialmente na província de Hubei, primeiro epicentro da pandemia, e como funcionaram as estratégias para proteção da produção agrícola. Segundo ele, era necessário garantir que este setor continuasse funcionando durante o lockdown, ainda que com algumas restrições, para evitar o desabastecimento da cidade e uma perda sem precedentes aos produtores rurais.
Dois aspectos importantes levantados por Zhang Wangshu foram o uso de plataformas on-line para a venda de produtos da província de Hubei e o incentivo à intercooperação. Com as vendas on-line, foi possível escoar a produção da cidade e manter a população abastecida. E com o apoio mútuo entre cooperativas, foi possível manter um fôlego mínimo para retomar as atividades normais assim que a disseminação do vírus foi controlada no país.
Na Itália – Saindo da China e indo para a Itália, Paolo Scaramuccia, coordenador de produção da Liga Nacional de Cooperativas (Legacoop), trouxe as experiências vivenciadas pelas cooperativas no país que foi o primeiro epicentro do coronavírus fora da China. Para os italianos, os impactos da pandemia foram muito mais fortes devido a quantidade de contaminados e mortos em poucas semanas. Isso obrigou a tomada de medidas rápidas e assertivas, segundo conta Scaramuccia.
Dentre as ações destacadas pelo representante da Itália, assim como em todos os demais países, as cooperativas encabeçaram uma série de iniciativas mobilizando uma grande rede de solidariedade. Colocaram, por exemplo, suas estruturas à disposição para fabricação de equipamentos de proteção hospitalar – cuja a ausência foi um dos principais problemas durante o pico da Covid-19 no país. Outra ação foi a disponibilização de frotas de táxi de cooperativas gratuitamente para pacientes e médicos.
Além disso, toda a movimentação imposta pela pandemia também se mostrou como uma janela de oportunidade para o cooperativismo italiano explorar novos caminhos. A partir da necessidade de inovação, foram inseridos mais elementos tecnológicos no dia a dia das cooperativas e elas passaram a visualizar outras possibilidades de atuação. Além de garantir a segurança e o cuidado com a saúde que o momento exigia, o aumento no uso de plataformas digitais e redes sociais para fomentar os seus negócios se mostrou eficaz e bastante promissor para a construção de um futuro mais sustentável.
“A partir das experiências vividas no Brasil e observadas em outros países, fica claro que o caminho natural e necessário para a saída dessa crise global é a cooperação. As organizações com maior capacidade de atender às novas demandas sociais de forma mais justa e solidária, sem dúvidas, são as cooperativas”, ressaltou Onofre Cezário Filho ao final do debate.
Para assistir à íntegra da nossa live internacional – Contribuição das coops durante a Covid-19: experiências de Itália, China e Continente Africano – clique aqui.
Fonte: Somos Cooperativismo