Diversidade de gênero e atuação das mulheres no cooperativismo são temas de live do Sistema OCB/RJ

As áreas e as possibilidades de atuação feminina no cooperativismo, as vivências das mulheres negras no segmento e o gênero, a diversidade e os direitos no mundo do trabalho. Estes temas foram debatidos na Live “Mulheres no Cooperativismo: diversidades de atuação”, que o Sistema OCB/RJ – por meio do Comitê Gestor de Gênero Dona Terezita – promoveu em seu Canal do Youtube, no dia 9 de Março,  na semana em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher. Assista aqui na íntegra

Participaram a presidente do Comitê Gestor de Gênero Dona Terezita, Rosa dos Santo; a professora Adjunta no Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Bianca Lima; e o presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/RJ, o advogado Henrique Rabello de Carvalho.

Na abertura, o presidente do Sistema OCB/RJ, Vinicius Mesquita, falou em direitos iguais entre homens e mulheres e também no empoderamento feminino, como formas de alcançarmos uma sociedade mais justa e respeitosa.

Em sua apresentação, a professora Adjunta no Departamento de Economia Rural da Universidade Federal de Viçosa (UFV) , Bianca Lima, trouxe alguns números que explicam e comprovam a desigualdade entre homens e mulheres especialmente no mercado de trabalho.

“Um elemento tem a ver com as tarefas domésticas. Mulheres trabalham 21,4 horas – média de horas semanais -, enquanto os homens trabalham somente 11 horas. Isso representa uma sobrecarga de trabalho das mulheres, e isso tem um impacto em sua vida profissional. Em 2019, mulheres recebiam, em média, 77,7% menos que homens em empresas. E o cooperativismo do Rio de Janeiro, com quase 254 mil cooperados, segue uma tendência, com a presença da mulheres em 35% do setor”, disse Bianca – doutora em Ciências Sociais e pós-doutorada em sociologia pela UFV que completou afirmando enxergar no cooperativismo uma alternativa viável para a igualdade de gênero no mercado de trabalho.

Líder da Cooperativa dos Cuidadores de Idosos e Doentes Dependentes (Coopidade) e Presidente do Comitê Gestor de Gênero Dona Terezita, Rosa dos Santos falou da sua experiência como mulher negra que ocupa um cargo de destaque no cenário do cooperativismo fluminense. E em relação à diversidade, pediu que o modelo cooperativista trabalhe com mais força a questão da diversidade, seja ela racial ou de gênero.

O cooperativismo é um modelo econômico aberto. Mas precisamos trabalhar essa questão de diversidade dentro das cooperativas. Trazer a sociedade e as famílias para dentro das cooperativas é uma chance de abertura para que a sociedade possa mudar. O cooperativismo tem valores que não podemos deixar de levar. Precisamos fazer valer a importância do surgimento do cooperativismo no mundo, e eu, como presidente de cooperativa, tenho muito orgulho de falar das minhas vitórias. Sou feliz por ser mulher, por ser mãe, por ser negra, por dar a oportunidade de mais pessoas trabalharem”, relatou Rosa.

O advogado Henrique Rabello de Carvalho, professor (EMERJ/FIOCRUZ) e presidente da Comissão da Diversidade Sexual e de Gênero da OAB/RJ criticou a falta de oportunidades de emprego às pessoas do público LGTQIA+.

“Dificilmente se encontram pessoas LGTQIA+ no mercado de trabalho. E isto pode ser explicado pela uberização das relações de trabalho, especialmente neste tempo de pandemia, fazendo com que as pessoas trabalhem desta forma empreendedora, mas sem nenhum direito, que no caso é todo dos grandes conglomerados e grupos internacionais que avançam sobre os países e representam ameaça à economia e à destruição das garantias. Este fenômeno aumentou as desigualdades de gênero. Eu vejo empresas de aplicativos patrocinando paradas LGBT+ e eventos ligados à diversidade. mas será que têm políticas de inclusão no que tange à diversidade? Certamente a resposta é não. Na medida que sequer os direitos trabalhistas são garantidos às pessoas que são consideradas parceiras e não empregadas destas plataformas”, afirmou Henrique, que entende ser necessária uma política unificada nas esperas estaduais e federal, em consonância com os principais tratados internacionais de Direitos Humanos, para que a desigualdade seja combatida no Brasil.

“ Se não for estruturada por exemplo uma política em relação ao quadro social das cooperativas e das empresas no que diz respeito à inclusão de mulheres negras , mulheres negras transsexuais, mulheres negras travestis, pessoas LGBT+ e mulheres negras, que estão em situação de vulnerabilidade econômica e social, não conseguiremos ter equidade. O que precisamos é conectar as políticas estadual e federal e organizá-las com os principais tratados internacionais de direitos humanos, dos quais o Brasil é signatário, e com organizações como a ONU. E o cooperativismo é uma alternativa, pois tem  rede de atuação em âmbitos nacional e internacional. É preciso pensar o género na perpsctiva do cooperativismo e incluir estas politicas nas nossas cooperativas”, ratificou.

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Bruno Oliveira

Coordenador de Comunicação e de Tecnologia da Informação do Sistema OCB/RJ.