Pela primeira vez, a sede do Sistema OCB/RJ recebeu a Plenária do Conselho Consultivo Nacional do Ramo de Crédito (CECO), em 9 de abril. O encontro reuniu representantes de mais de 10 estados brasileiros, entre gestores de cooperativas de crédito e dirigentes de Organizações Estaduais (OCEs), e teve como objetivo apresentar os resultados das ações do CECO em 2024 e a agenda estratégica para 2025.
A condução do evento ficou a cargo do Sistema OCB Nacional, liderados pelo presidente Márcio Lopes de Freitas, pela superintendente Tania Zanella e pela gerente geral Fabíola Nader.
A mesa de abertura contou com a presença de Vinicius Mesquita, presidente do Sistema OCB/RJ; Remaclo Fisher, coordenador do CECO; Adalberto Felinto da Cruz Júnior, chefe do Departamento de Instituições Não Bancárias (Desuc) do Banco Central do Brasil; e Márcio Lopes de Freitas.
Vinicius Mesquita deu as boas-vindas a todos na casa do cooperativismo fluminense, destacando que a sede do Sistema OCB/RJ é apenas uma das muitas casas do cooperativismo pelo Brasil. “Por isso, esse é um espaço aberto para o uso de todos os cooperativistas do país”, afirmou o presidente.
Adalberto Felinto destacou a parceria entre o Banco Central do Brasil (Bacen) e o cooperativismo de crédito, reforçando os objetivos comuns das duas instituições. “O cooperativismo contribui com o Bacen ao ampliar o acesso a melhores condições financeiras em todo o país. As metas do cooperativismo também são as metas do Banco, pois todos nós queremos o bem comum e o melhor para os brasileiros”, explicou.
Márcio Lopes relembrou as metas estabelecidas para o cooperativismo até 2030, e elencou cinco pontos estratégicos aos quais os dirigentes das OCEs devem se manter atentos.
- Evoluir em gestão e empoderar os Conselhos de Administração;
- Pioneirismo na transformação estrutural, passando pela inteligência artificial;
- Aproveitar a COP30 no Brasil para gerar visibilidade para o cooperativismo;
- Reforçar a importância do selo SomosCoop como sinônimo da atuação do cooperativismo nacional;
- Fortalecer a representação parlamentar, independentemente do partido ou figuras políticas.
Resultados 2024
Após a abertura, Feulga Reis, analista técnico-econômico do Sistema OCB, apresentou os principais resultados do CECO em 2024. O conselho, composto pelas confederações registradas na OCB, desempenha papel estratégico na articulação de ações voltadas ao aperfeiçoamento do ambiente normativo e negocial das cooperativas de crédito. Entre os avanços destacados, estão:
- Reforma Tributária – A Lei Complementar nº 214/2025 define o adequado tratamento tributário ao Ato Cooperativo e a inclusão de dispositivos que asseguram segurança jurídica, maior eficiência, competitividade e fortalecimento das cooperativas no país.
- Aproximação com a Polícia Federal – Articulação para a formalização de Acordo de Cooperação Técnica com o Departamento de Polícia Federal para, por meio de trocas de informações, auxiliar os trabalhos do Projeto Tentáculos;
- Estrutura de intercooperação – Contratação do executivo dedicado para a condução das iniciativas de intercooperação. Mapeados os projetos prioritários e formação dos grupos de trabalho;
- Open Finance/ DREX – participação no Conselho Deliberativo do Open Finance e nas atuações do projeto Real Digital (DREX), do Bacen;
- Estatuto de Segurança Privada – Participação nos debates junto ao Ministério da Justiça na elaboração de decreto, que regulamentará a Lei nº 14.967/2024;
- Aprimoramento das Câmaras Temáticas (CTs) – As CTs foram importantes estruturas de assessoramento técnico do GT Executivo. Passou de oito para nove CTs, aprimorando a governança e o escopo de trabalho;
- Aprimoramento do PROCAPCRED – A dotação orçamentária do Procapcred, que fortalece a estrutura patrimonial das cooperativas de crédito, passou de R$ 1,6 bilhões para R$ 3,6 bilhões, com alteração do prazo de vigência para os pedidos de financiamento protocolados no BNDES até 31 de dezembro de 2025.
- Projeto Conhecer para Cooperar – Iniciado em 2024, o projeto visa apresentar as melhores práticas do coop de crédito no país, assim como experiências internacionais, para promover maior conhecimento sobre o segmento e propiciar maior aproximação entre o segmento e o poder público.
- Ação social não planejada: ações mitigadoras de impacto a calamidade no RS – O CECO realizou forte atuação para construção de estratégias para mitigação dos impactos e auxílio na recuperação da economia das comunidades impactadas com as enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul. Por meio de um trabalho conjunto, destaca-se a possibilidade de acesso das cooperativas de crédito nas linhas de crédito emergenciais para as regiões afetadas.
Agenda Prioritária 2025
Em seguida, Thiago Borba Abrantes, coordenador do Ramo Crédito da OCB, apresentou a Agenda Prioritária para 2025, com foco em:
- Fortalecimento patrimonial das cooperativas: articulação com o Banco Central para desenvolver ferramentas de capitalização e redução da exigência de alocação de capital intrassistêmico;
- Ampliação do acesso aos fundos constitucionais: acompanhamento legislativo e construção de estratégias com consultoria especializada;
- Estruturação da intercooperação: grupos de trabalho coordenados por gestor dedicado (Lúcio Faria) e envolvimento do SNCC na organização de cooperativas de seguros;
- Atuação conjunta no Judiciário: monitoramento de temas de interesse do cooperativismo nos tribunais superiores;
- Projeto Conhecer para Cooperar – Etapas Nordeste e Canadá
- Captação de recursos municipais: proposta de elevação do limite previsto no art. 6º da Resolução 5.051.
Aproveitando o momento de olhar para o ano de 2025, a gerente geral do Sistema OCB, Fabíola Nader, apresentou as propostas da instituição para o Ano Internacional das Cooperativas e para a COP30, além do vídeo resumo do Manifesto do Coop na COP. “O cooperativismo brasileiro precisa falar em uma só voz, seguir um caminho coeso e mostrar que somos um movimento unido, e que trabalhamos por um país melhor”, enfatizou a gerente geral.
Acesse as propostas e o vídeo nos links abaixo:
Megatendências: desafios do mercado brasileiro
A plenária foi encerrada com a palestra de Marcos Troyjo, economista, diplomata e ex-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco dos BRICS). Troyjo analisou as mudanças econômicas globais da atualidade, principalmente com o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos. Tendo em vista tais transformações mundiais, o diplomata apresentou três megatendências para o futuro e como o Brasil deve se portar diante delas.
A primeira tendência diz respeito ao aumento populacional. Segundo Troyjo, cálculos matemáticos apontam que em 25 anos haverá aumento líquido de cerca de 2 bilhões de pessoas na população mundial, aumentando, assim, o mercado consumidor.
A segunda tendência é quanto ao aumento da renda per capita por nações. O economista explica que séries históricas mostram que o aumento da renda per capita em países emergentes gera mais gastos com comida e mobilidade, por parte da população, e estrutura, por parte do governo. Diante desta realidade, Troyjo lança a pergunta: “de onde virão a comida, a água e a energia?”. Para ele, o Brasil é um país que possui muitas dessas respostas.
Por fim, a última megatendência apresentada por Marcos Troyjo é a realocação de empresas de países com aumento das incertezas econômicas e geopolíticas. Por isso, o diplomata acredita que transferir recursos para o Brasil, um país com muitas opções energéticas e grande produtor alimentício, é uma boa posição de mercado.
Fonte: Júlia Cruz – Sistema OCB/RJ